13 agosto 2007

A tal senhora do feijão

Sabe a senhora que o ex-preparador-físico do Vitória mandou para casa fazer feijão?

Pois Gildete dos Santos virou personagem, outra vez, como adora.

Leia perfil publicado no Correio da Bahia, ontem.

Neste caso, sim, há motivos para sorrir.

Por Pablo Reis

Dona Gildete dos Santos, uma avó de quatro netas, acabou de passar por uma humilhação pública perante centenas de pessoas no Aeroporto Internacional Luís Eduardo Magalhães, e diante de milhares na televisão, mas está curtindo muito tudo isso.

Torcedora fanática, ela foi fazer uma recepção crítica ao time do Vitória, depois de uma derrota por 6x0 para o Brasiliense, e terminou virando alvo de chacota do ex-preparador físico Wellington Vero. Dona Gildete rememora os detalhes do episódio com a riqueza narrativa de um Tolstói e a carga dramática de um Rubem Fonseca.

Vinham no desembarque primeiro os jogadores, macambúzios, e logo na frente Índio, que é sempre artilheiro e amado, mas não conseguiu encarar olho no olho a vovó rubro-negra na hora de ouvir: “Rapaz, quando jogam aqui, ganham, mas lá fora tremem igual a geléia”. Ele abaixou a cabeça e seguiu adiante, encabulado. Lá atrás, chegava o técnico Givanildo Oliveira, cara mais enfezada do que de costume: “Givanildo, por favor, vê se come um acarajé com pimenta e muda esse seu jeito”.

O treinador partiu reto, mas contou com a defesa do “despreparador físico” – no vocabulário ofendido de dona Gildete –, que se adiantou em frente às câmeras, numa reação que precipitaria sua própria demissão. “E a senhora deveria estar em casa cozinhando seu feijão”. Ela revidou com um “respeite meu Vitória, que tem nome, porra” e saiu dali como heroína, recebendo até convites de advogados que adorariam ganhar uma causa por acusação de preconceito de gênero e idade.

Gildete, uma conhecida alpinista de manchetes há mais de dez anos em Salvador, conseguiu sair de coadjuvante nas reportagens, onde faz pontas como entrevistada no meio da rua, para assunto principal de uma notícia. Mesmo humilhada, ela está feliz – e como está feliz. “Ahhhhh, meu filho”, suspira ela, com um largo sorriso, “esse feijão já rendeu tanto”. Em seguida, começa a falar das centenas de telefonemas que recebeu, das pessoas que a reconhecem nas ruas, de como foi considerada uma espécie de mártir entre os insatisfeitos torcedores do Vitória.


E se houver alguma dúvida sobre o que dona Gildete realmente busca em termos de popularidade daqui a pouco vai ser dissipada, quando ela revelar que acorda sempre às 3h30 para participar ao vivo de um programa na Rádio Sociedade da Bahia, toda madrugada. Ela dorme muito pouco, geralmente deita às 23h e umas quatro horas depois já está de pé, fazendo um cafezinho, ou zapeando pela televisão. Quer ter mais tempo para viver, em outras palavras, um pouco mais de nome em evidência na televisão, no jornal ou no rádio, em sua saga multimídia.

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