20 julho 2007

O caminho de Arturzinho

Arturzinho disse que o Bahia está evoluindo gradativamente e aos poucos as peças vão se encaixando. Com discurso parecido, Charles levou até o octogonal da Série C. Pedia calma. Os três pontos eram o mais importante de tudo. Acreditou-se e, hoje, o Bahia segue no fundo do poço. Arturzinho, aos meus ouvidos, ressuscitou o tema após a horrorosa partida contra o América-SE. Usou até o argumento da classificação antecipada como tranqüilizante.

Não engulo mais. Porque, dentro de campo, persistem desorganização tática e falta de conjunto mesmo com ele há sete meses treinando o Bahia.

Charles engatinhava como treinador profissional. Arturzinho tem mais de uma década. Sua carreira é marcada por passagens curtas e muitas experiências. Ganhou estaduais por Vitória e Vila Nova-GO e um regional pelo América-RN. O último título foi o Baiano de 2002, logo, atravessa seca mais extensa que o Bahia, vencedor do Nordestão encerrado meses depois.

Como cirurgicamente me disse Mauro Fernandes, ele parece o Carpegiani. Mauro foi puro. Eu, crítico, acrescento. Arturzinho jamais foi a uma Copa do Mundo e não armou o Flamengo de Raul; Leandro, Mozer, Marinho e Júnior; Andrade, Adílio e Zico; Tita, Nunes e Lico.

Não que este Bahia possa, evidente, claríssimo! Mas ele nem sequer se permite.

Que o Bahia não é o Real Madrid, sabemos, ora. Que tem a maior folha da Série C, também.

Talvez seja sua inquietude genética. Por personalidade, Arturzinho sempre prezou, e faz questão de afirmar, absoluta necessidade de deixar o grupo motivado, o que, para ele, implica não rotular titulares ou reservas. É avesso a quem gosta de uma escolha bem feita e definida.

Isto de titular ou reserva, jovem ou maduro, bom ou ruim, esse antagonismo impregnou sua mente. Que arquitetou 43 escalações diferentes na temporada. Descarta a dualidade apenas na hora da preleção. É preciso inovar, nunca repetir.

Nas próximas rodadas, Rogério, Danilo Rios e Moré, os três melhores tricolores no Campeonato Baiano, vão ser liberados pelo Departamento Médico.

Em 2004, Oswaldo Alvarez, Vadão, perdeu o Campeonato Baiano e largou mal na Série B, objetivo para o qual dizia ter sido contratado.

Engrenou a partir da 5ª rodada, em maio, quando acertou time e esquema usados até o fim.

Não subiu à Série A por motivos que qualquer baiana de acarajé sabe de cor.

Neste contexto, estou céptico é se Arturzinho vai conseguir simplificar, ainda mais após ver o time regredindo com três partidas pífias na Série C.

Simplicidade, aliás, virtude de sobra no último treinador a completar uma temporada no Bahia.

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